Por Janivando Mota
O tempo nos dá todas as respostas e, quase sempre, recheada de lições ou ensinamentos, até mesmo para aqueles que se julgam sábios.
No Poder Formiciário do Formiauí, em um passado bem próximo, um Formificial de Formitiça encontrava-se impossibilitado de realizar as suas diligências externas, em virtude do valor irrisório que recebia como indenização de transporte e, principalmente, de salário.
O resultado disso foi o endividamento do Formificial de Formitiça, através de despesas diárias com combustível e manutenção de transporte.
Existia, por essa época, uma filosofia que imperava absoluta em todo o Poder Formiciário do Formiauí: a de que os Formificiais de Formitiça deveriam suprir o valor irrisório recebido como indenização de transporte e salário solicitando, pedindo dinheiro às partes, ou aceitando o dinheiro oferecido por elas ( corrupção ativa e passiva).
O Formificial de Formitiça não conseguia enquadrar-se nessa filosofia, sentia-se profundamente humilhado, sendo o primeiro, o pioneiro a levantar a bandeira contra essa prática extremamente injusta e malévola, fato que lhe custou um processo administrativo inédito na história do poder formiciário nacional ou, talvez, internacional.
Ao comunicar ao seu superior hierárquico, um Formitrado, sobre o problema da falta de condições financeiras para a realização das diligências, este respondeu, do alto da sua toga, "o sol nasce para todos", ou seja, o Formitrado, com toda a sua sapiência, ensinava que a ùnica solução para o dilema seria que o Formificial de Formitiça seguisse o glorioso caminho daquele, atingindo o posto-mor de Formitrado.
Com a remoção do antigo superior hierárquico do Formificial de Formitiça e a chegada de um novo, aquele informou novamente a este sobre o problema das dificuldades das diligências, ocasião em que o Formitrado foi mais seco e direto, exclamando "faça concurso para Formitrado".
Lutas foram travadas, denúncias foram formuladas (nepotismo principalmente), Conselho-mor foi criado e instalado, e de repente, não mais que de repente, o Sol começou a nascer para o Formificial de Formitiça, sem que ele precisasse alcançar o posto-mor de Formitrado.
Moral da história: para solucionar os problemas do dia a dia, não é necessário que todos os súditos se tornem reis ou imperadores, basta somente que os reis e imperadores pratiquem políticas administrativas e salariais mais justas.
De quando em vez, aparecem formitrados rodeados de fieis bajuladores tentando retroagir no tempo, buscando apagar o lampejo de sol que nasce todos os dias para o Formificial de Formitiça, retirando dele ou negando-lhe o fornecimento de equipamentos indispensáveis ao desempenho da sua nobre função.